as crónicas da pulga

31.10.05

um conto de halloween mascarado

antes de todos se irem deitar
há uma história que vos devo contar

uma história pequena
-insignificante talvez-
mas uma vez contada,
era uma vez...

uma espécie de exorcismo
que o meu cérebro pediu
gozo, mágoa ou cinismo
tanto faz - explodiu.

era uma vez uma gata
de nome guilhermina
tão infeliz, a coitada
tinha cara de plasticina

para os amigos, gui
- a gata que sorri.
para as amigas, mina
- a gata assassina.

guilhermina passava
todo o dia a pensar
na melhor estratégia
para os amigos atacar.

farta de ser ignorada
por quem tudo lhe diz
guilhermina, enamorada,
decide fazer joaquim feliz.

mas como joaquim não é
a sua (única) paixão,
depressa "joaquim já era...
- vou mudar de direcção".

depois de arranhar as costas
de jacinto, dionísio, basileu
era agora a vez do louco
terrível - mas humano - amadeu.

amadeu era um bonifácio
de bom gosto e feliz
- não descobrissem o finácio
que se escondia no ser nariz!

quilhermina esperneava,
assobiava e ronronava.
e dia-trás-dia tentava
travar as pernas que desejava.

mas amadeu era tão alto,
brincalhão, chato e fuinha
que simplesmente se baixou
e deu-lhe uma festinha.

a raiva subiu de vez
ao focinho da guilhermina
e vai de ronronar
a vaidosa assassina.

não é mesmo por mais nada,
mas se há coisas que não suporto
são gatas que sorriem como fada
e só causam desconforto.

ao ver a cena nem resisti
- e grande gozo me deu -
em pegar naquela quiqui
e separá-la do amadeu.

amadeu nem notou
ou até agradeceu.
quilhermina não mais falou
pobre gata - emudeceu.

a história por hoje acaba aqui
sem pozinhos de perlimpimpim
porque quem põe um ponto não espera
que ainda haja um bom fim